segunda-feira, 25 de abril de 2005

25 ABRIL 1974 – 31 ANOS DEPOIS

O regime que se instalou no controlo da nação em 1933, cuja figura de proa foi inquestionavelmente Salazar, “caiu da cadeira” com o mesmo.
A opressão (personificada pela PIDE), a censura (que inibia qualquer crítica ao regime), as fraudes eleitorais (que impediam o povo de manifestar a sua vontade), aliadas às condições precárias em que os portugueses, na sua grande maioria viviam, para além dos problemas relativos às colónias (milhares de portugueses foram combater por uma causa que ninguém percebia ao certo...) constituíam os principais motivos de descontentamento do povo que, posteriormente, “tirou a mordaça” e gritou liberdade. Mas foi, de facto, a morte de Salazar o principal motivo para a queda do regime, uma vez que este personificava a austeridade, a liderança, o carisma, a inteligência e a audácia que eram exigidas àquele que comandava (sustentado num regime imposto) o destino de Portugal. Em Abril de 74, gritou-se a palavra “Liberdade” um pouco por todo um país com “fome de Democracia”, e que veio a confirmar este facto com a afluência de cerca de 92% dos portugueses ás urnas, precisamente um ano depois.
Ora toda conjuntura da revolução (exacerbada pelos comunistas, necessitados de afirmação mas parcos em ideias), materializada no golpe que instaurou um regime democrático em Portugal, deixou o país frágil mas finalmente livre (em muitas situações, libertino)!Numa análise feita 31 anos depois da revolução, pode dizer-se que Portugal usufrui finalmente da abertura ao estrangeiro (se bem que perto da quase total perda de identidade), da liberdade de expressão (apesar dos meios de informação não serem exemplares), de eleições com resultados não deturpados (ainda que o facto de deixarem ir a votos determinados partidos não seja um factor muito positivo), de maior equidade no rendimento e no nível de vida (isto apesar dos casos extremos típicos dos regimes capitalistas) enfim, de um conjunto de factores que fazem lembrar o 25 de Abril de 74 como um dia histórico para a nação.
Todavia, o cenário “cor-de-rosa” pintado no pós-25 de Abril está longe de ser limpo e belo. O país evoluiu no entanto está longe da sua evolução potencial e encontra-se, por sua vez, numa situação relativamente boa mas triste quando nos comparamos aos “parceiros europeus”... Será então que os “donos” da revolução e do início da Segunda República se podem congratular e falar dos seus “feitos”, mesmo com os pés assentes neste Portugal fragilizado pelos “feitos” dos oportunistas...?

domingo, 24 de abril de 2005

O Papa João Paulo II....

Muito já se escreveu e falou sobre a morte do Papa João Paulo II no entanto, achei que não deveria deixar passar este acontecimento que marcou o mundo, sem que fizesse umas breves considerações...
É inegável que foi a figura mais marcante da época em que vivemos, não tanto pela posição que ocupava mas pela maneira como viveu e se aproximou de todos.
Mas quem foi João Paulo II? Chamaram-lhe o "Papa dos jovens", chamaram-lhe o "Papa da Liberdade", o "Papa do Ecumenismo".... Outros tiveram a infelicidade e o desplante de o apelidarem de retrógrado, mas sobre estes nada vou falar, porque diante de tamanha ignorância e insensatez é impossível e vã qualquer tentativa de elucidação...
Na minha opinião, foi o verdadeiro " pescador de homens", soube, melhor do ninguém, ouvir e aceitar as posições divergentes com que muitas vezes se deparava, sem no entanto nunca deixar de pregar a palavra e a moral cristã! Amava os jovens, inspirava-se e apelava ao dinamismo e coragem que caracteriza a juventude... soube mais do que ninguém aproximar os jovens da Igreja, dizendo-lhes muitas vezes: "Não tenhais medo....".
Foi, de facto, um homem que nos ensinou bastante não só com as palavras que proferia mas também pela forma como vivia! Dando o exemplo, convidou-nos a darmos o melhor em prol da sociedade e do mundo em que vivemos!
Se para aqueles que, perante tudo isto, ainda conseguem duvidar da grandiosidade deste Homem, talvez nada consigam dizer ou rebater diante da comoção que assolou e fez parar TODO o mundo, aquando da notícia da morte do Papa... Não vimos todos no dia 8 de Abril a união, ainda que por pouco tempo, entre estados adversários, entre poderosos inimigos e entre crentes e não crentes? Que conseguirão, agora, conjecturar os incrédulos? Que desculpas irão inventar?
Antes de apontarmos alguma imperfeição (“pois todos somos imperfeitos mas na imperfeição humana podemos sempre buscar a perfeição dos nossos actos”) ou inventarmos uma situação para o diminuir, não será mais útil deixarmo-nos inspirar por ele, pelo que falou e, sobretudo, pelo legado que nos deixou, a sua vida? Ou este é um desafio muito grande?