A grande oportunidade aproveitada
Em tempo de eleições Europeias, muitos perguntam: "afinal, o que nos deu a Europa?" A resposta é simples: deu mais oportunidades, mais liberdade, contribuindo para que Portugal atingisse um nível de prosperidade que jamais tinha alcançado.
Em tempo de eleições Europeias, muitos perguntam: "afinal, o que nos deu a Europa?" A resposta é simples: deu mais oportunidades, mais liberdade, contribuindo para que Portugal atingisse um nível de prosperidade que jamais tinha alcançado.
Em tempo de eleições Europeias, muitos perguntam: "afinal, o que nos deu a Europa?" A resposta é simples: deu mais oportunidades, mais liberdade, contribuindo para que Portugal atingisse um nível de prosperidade que jamais tinha alcançado. É por estas razões que aconselho um voto em partidos pró-europa.
Em Março estive na Lituânia a leccionar um módulo de um curso de mestrado. Os estudantes eram alemães, franceses, espanhóis, americanos, polacos e, obviamente, também lituanos. Os estudantes lituanos compreendem bem as oportunidades que a União Europeia lhes trouxe. Vários tinham feito o Erasmus. Muitos tinham a certeza de que o seu percurso profissional os ia fazer passar por outros países europeus, como a Alemanha, a Polónia ou a Inglaterra.
Este é o espaço onde hoje se vêem os Lituanos. Um espaço de oportunidades. Um espaço de liberdade.
Basta passar a fronteira para o país vizinho - a Bielorrússia - para perceber o rápido caminho que os países de Leste percorreram. O próprio acto de passar a fronteira nos lembra de tempos já esquecidos. A viagem de 4 horas entre Vilnius e Minsk inclui uma hora e meia na fronteira. Inclui um pedido de visto com uma semana de antecedência, que custa 90 euros mais uma tarde perdida numa embaixada com um serviço propositadamente antipático.
Minsk é a imagem parada de uma metade da Europa que já praticamente não existe. Tem todo o charme de uma cidade quase sem carros, sem lojas, sem marcas, sem stress. Há poucas lojas. As compras fazem-se em armazéns que mantêm o estilo soviético. Há poucos restaurantes, cafés ou bares.
Há também pouca liberdade. Apenas a tolerada e vigiada por uma ditadura fascista, quem em pouco se distingue da comunista que antes tinham. Em tão pouco que as estátuas do Lenine continuam no mesmo lugar. A liberdade que mais falta aos Bielorrussos é a liberdade de sair. É essa também a mais desejada. É essa liberdade que os Lituanos tanto festejam, mesmo em ano de crise.
Visitar estes países dá-nos uma enorme lição. Um lição sobre as coisas que tomamos como certas. Hoje, atravessar uma fronteira é um não acontecimento. Há vinte anos, era uma ansiedade, um sofrimento. Na Bielorrússia ainda há esse serviço, para quem tenha saudades.
Hoje trabalhar ou estudar noutro país europeu é considerado um acto normal, quer nas carreiras profissionais dos quadros europeus, quer no trabalho dos operários da construção civil ou da agricultura, que hoje podem ir trabalhar por uma semana e voltar. Quanto é que vale esta oportunidade? Para muitos portugueses vale muito.
Mas a nossa integração europeia trouxe muitas outras oportunidades, para os estudantes, trabalhadores, cientistas, viajantes e turistas. E também para os consumidores, que passaram a ter acesso a um leque muito maior de produtos de maior qualidade, e para as empresas.
Oportunidades que, ao contrário do que muitas vezes se apregoa, as empresas portuguesas souberam aproveitar. As exportações portuguesas aumentaram fortemente em percentagem do PIB (ver gráfico 1), e são hoje cinco vezes maiores do que eram na década anterior à entrada na UE. Uma realidade que contrasta com o discurso sobre a destruição do tecido produtivo. Uma realidade que a actual crise não altera. A brutal quebra de exportações que se prevê para 2009 é igual ao aumento verificado em 2006.
O resultado foi um salto para um patamar de prosperidade que Portugal jamais tinha atingido. O gráfico 2 mostra o PIB per capita em proporção do da UE. Portugal tem hoje um rendimento per capita que está perto dos 70% do de uma Europa que é mais rica do que há 25 anos. Nessa altura (início dos anos 80), Portugal tinha pouco mais do que 50% do rendimento europeu. No início do século XX, estava ainda pior, com pouco mais de 30% do rendimento médio de uma Europa então ainda muito pobre.
É difícil negar a evolução do País nos últimos 20 anos. A evolução das cidades. A evolução do rendimento nas zonas rurais. A mudança radical nas infra-estruturas, o aumento do rendimento e a expansão de oportunidades de consumo à maioria da população, que até então estavam reservadas a uma pequena parte dos portugueses. Pode dizer-se que o fazem endividando-se. Mas 90% do aumento do consumo dos portugueses é sustentado pelo aumento da produção.
A história dos últimos 20 anos mostra que a integração foi uma oportunidade aproveitada. O lugar onde estamos mostra que o País tem ainda muito caminho a percorrer. Num momento de crise, como a que atravessamos, é importante lutar por continuar a alargar as oportunidades e liberdade que o espaço europeu nos oferece.
Manuel Caldeira Cabral
Departamento de Economia,
Universidade do Minho
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