quarta-feira, 22 de julho de 2009

IMIGRAÇÃO – Mitos do [meu] passado

Há cerca de 4 anos atrás escrevi isto: http://filtragens.blogspot.com/2005/07/imigrao_03.html . Decorrido todo este tempo, a forma de olhar esta realidade mudou. Ainda bem! Hoje escrevo rebatendo as falácias daquele post e construindo uma opinião mais verdadeira e, por isso, mais sólida e firme.

 

Não me chames estrangeiro; olha-me nos olhos

(...)

E verás que sou um homem, não posso ser estrangeiro.

 

Invasão?

Portugal está longe de ser um dos países europeus com maior percentagem de imigrantes. Em 2000, os países europeus com maior percentagem de imigrantes no seu território eram a Suíça, Bélgica, Alemanha e Áustria. Sem considerar o caso específico do Luxemburgo, com cerca de 37% de imigrantes, maioria dos quais portugueses.

Sem a entrada de novos imigrantes, o nosso problema demográfico será muito mais grave. Segundo perspectivas, em 2050, por cada 2 trabalhadores no activo haverá 1 reformado/pensionista. Hoje a proporção é de 4 trabalhadores para cada reformado.

 

"Roubar" emprego?

Um país com taxas  de desemprego alto, não constitui um destino atractivo para imigrantes. Os imigrantes, em contexto de crise económica, são os primeiros a perderem o emprego, dado a sua maior vulnerabilidade contratual e por estarem em sectores de actividade muito sensíveis às crises.

A "economia informal" precisa da presença de imigrantes irregulares, para que explorando o seu trabalho, pagando baixos salários e evitando os custos da Segurança Social e dos impostos, obtenha maior rendimento. O grande combate à imigração irregular  não pode, nem deve fazer-se contra os imigrantes irregulares mas contra aqueles que os contratam e exploram.

 

"Desgastar" a Segurança Social?

Os imigrantes dão uma substancial contribuição para aliviar a carga fiscal de gerações futuras em países com baixa fertilidade. É importante para a sustentabilidade do sistema da Segurança Social.

 

Associados ao crime?

O universo de referência para obter a taxa bruta de criminalidade é o de todos os cidadãos dos 0 aos 100 anos. No entanto, o universo de referência dos estrangeiros é maioritariamente masculino, em idade activa e de nível socio-económico médio-baixo. À partida são universos não comparáveis, pois o dos nacionais inclui um peso muito significativo da faixa 0/16 (inimputável) e acima dos 60 anos, onde praticamente não já não há criminalidade, faixas que quase não existem no universo dos estrangeiros.

As estatísticas da justiça dão-nos apenas a distinção entre nacionais e estrangeiros. Ora, não é coincidente o conceito de estrangeiro e imigrante. No número de condenados estrangeiros há um número significativo de estrangeiros não imigrantes, ou seja, pessoas sem residência ou profissão em Portugal, em viagens de curta duração...

E não menos importante reter: a exclusão social gera criminalidade.

 

Trazem doenças?

Exactamente como na população com o contexto socio-económico baixo, os imigrantes estão mais sensíveis a doenças associadas à pobreza e à exclusão social. Acrescem ainda as doenças do foro psíquico, como a depressão, provocada por solidão, exclusão, saudade...

Neste domínio, importa também sublinhar as dificuldades de acesso á saúde.

 

 

Imigrantes ilegais são perigosos?

É feita confusão entre máfias e imigração irregular. As máfias operam e prosperam tanto mais quanto mais restritiva é a política de imigração.

 

Colocam em risco a nossa cultura e tradições?

Num contexto globalizado e com a influência dos media e da sociedade de consumo, importamos permanentemente traços que nos influenciam, quer consciente, quer inconscientemente.

Por outro lado, os fenómenos de aculturação agem sobre as minorias imigrantes que aderem voluntariamente à nova cultura.

 

Baseado num documento do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Éticas (ACIME)

 

SPSM

Sonia Monteiro