domingo, 23 de setembro de 2007

Hipocrisia!

São muitos os modelos teóricos que, ao longo dos anos, vamos aprendendo nas salas de aula, dentro dos muros de uma "realidade" distante daquela que, de facto, existe. Aí, tudo parece evidente, fácil e perfeito.
Recentemente, tive que “saltar” esses muros. Embrenhei-me na famigerada "selva da vida". E, muitos dos modelos que apreendi têm sido, constantemente, destruídos ou postos à prova.
Hoje, quero falar apenas sobre um deles: o IRS – Instituto de Reinserção Social.
O que é o IRS? Decoramos que
" ... é o serviço responsável pela definição e execução das políticas de prevenção criminal e de reinserção social de jovens e adultos, designadamente, pela promoção e execução de medidas tutelares educativas e medidas alternativas à prisão."
Sempre acreditei na importância, na necessidade e oportunidade deste Instituto. Aliás, ainda acredito. No entanto, ele não existe. Trata-se de mais uma história encantada que é contada aos meninos nas salas de aulas para atenuar/dissimular a hipocrisia da sociedade, do poder judicial e político.
A semana passada, a medida de coacção aplicada (prisão preventiva) a um arguido foi suspensa. Saiu em liberdade. Estava sozinho. Não tinha nada. Não tinha ninguém. Contou apenas com a caridade de duas pessoas para almoçar.
Onde estava o IRS? Onde estava a política de combate à marginalização? Onde estava a Solidariedade Social? Onde estavam estas e muitas outras "palavras bonitas" que nos são ensinadas e que vamos ouvindo frequentemente nos discursos políticos?
Se tudo isto constituísse mais um caso prático que teríamos de resolver dentro das salas de aula, seria simples. Após a libertação do arguido, este seria acompanhado e auxiliado por um representante do IRS, que estaria nesse Tribunal, assegurando que este não se embrenharia novamente pelo mundo da marginalidade.
Mas, não era um caso prático. Era a realidade. E o representante do IRS não estava nesse Tribunal. E nem dele se ouviu falar.

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