Em resposta a este post do Pedro: Todos Contra Todos "Tornou-se snob criticar os professores. Como se fossem os responsáveis pelas passagens administrativas para cumprir metas europeias por via de um facilitismo terceiro-mundista."
Surge este comentario:
"Este é um cenário em que faz todo o sentido a velha máxima de dividir para reinar. Elegem-se algumas classes, apontam-se-lhes os privilégios e consegue-se mobilizar uma boa parte da opinião pública contra elas.
Já constámos que o arrastar crónico do país é culpa dos funcionários públicos, que encontram sempre um artigozito que lhes permite ir de férias ou então ficar na “repartição” a fazer tudo menos trabalhar. São uns mandriões, diz-se. Dedução lógica: é bem feita que lhes tramem a vida.
Já verificámos que os professores são claramente os responsáveis pela ineficiência do nosso sistema de ensino, pois estão sempre dispostos a faltar. São uns incompetentes, pensamos. Dedução lógica: é bem feita que lhes tramem a vida.
Já percebemos que o que vai mal na saúde se deve aos médicos, que também passam o tempo em férias à custa dos laboratórios e afins ou então a desviar utentes do SNS para os seus consultórios. São uns interesseiros, argumenta-se. Dedução lógica: é bem feita que lhes tramem a vida.
Já vimos que os males da justiça se devem aos juízes, que passam igualmente o tempo de férias ou então a ler romances em vez das resmas de processos que se acumulam nos seus gabinetes. São uns privilegiados, ouve-se. Dedução lógica: é bem feita que lhes tramem a vida.
Já entendemos que os problemas no mundo da comunicação se devem aos jornalistas, habituados também a férias pagas por alguém a troco de uma noticiazinha favorável. São uns vendidos, asseguramos. Dedução lógica: é bem feita que lhes tramem a vida.
Já notámos que a culpa da insegurança é dos agentes da autoridade, uns barrigudos que preferem ficar dentro de portas em frente a computadores que não sabem utilizar em vez de andarem na rua. São uns medricas, afirmamos. Dedução lógica: é bem feita que lhes tramem a vida.
Os empresários querem explorar os trabalhadores, os sindicalistas querem usar o estatuto que têm para nem sequer pôr o pé no posto de trabalho, os políticos querem tacho para ganhar dinheiro porque são uns comedores... e por aí fora.
Assim é fácil. Basta pegar em alguns maus exemplos que existem em todas as profissões, generalizar à classe inteira e conseguir o apoio da população para medidas muitas vezes gravosas para o futuro do país. E nós vamos aplaudindo alegremente, até que alguém atinge os nossos direitos. Mas, aí, o mais provável é que os outros aplaudam a nossa desgraça. É triste nivelar por baixo!"
Comentario por Lois Lane neste post do Avenida Central
Já constámos que o arrastar crónico do país é culpa dos funcionários públicos, que encontram sempre um artigozito que lhes permite ir de férias ou então ficar na “repartição” a fazer tudo menos trabalhar. São uns mandriões, diz-se. Dedução lógica: é bem feita que lhes tramem a vida.
Já verificámos que os professores são claramente os responsáveis pela ineficiência do nosso sistema de ensino, pois estão sempre dispostos a faltar. São uns incompetentes, pensamos. Dedução lógica: é bem feita que lhes tramem a vida.
Já percebemos que o que vai mal na saúde se deve aos médicos, que também passam o tempo em férias à custa dos laboratórios e afins ou então a desviar utentes do SNS para os seus consultórios. São uns interesseiros, argumenta-se. Dedução lógica: é bem feita que lhes tramem a vida.
Já vimos que os males da justiça se devem aos juízes, que passam igualmente o tempo de férias ou então a ler romances em vez das resmas de processos que se acumulam nos seus gabinetes. São uns privilegiados, ouve-se. Dedução lógica: é bem feita que lhes tramem a vida.
Já entendemos que os problemas no mundo da comunicação se devem aos jornalistas, habituados também a férias pagas por alguém a troco de uma noticiazinha favorável. São uns vendidos, asseguramos. Dedução lógica: é bem feita que lhes tramem a vida.
Já notámos que a culpa da insegurança é dos agentes da autoridade, uns barrigudos que preferem ficar dentro de portas em frente a computadores que não sabem utilizar em vez de andarem na rua. São uns medricas, afirmamos. Dedução lógica: é bem feita que lhes tramem a vida.
Os empresários querem explorar os trabalhadores, os sindicalistas querem usar o estatuto que têm para nem sequer pôr o pé no posto de trabalho, os políticos querem tacho para ganhar dinheiro porque são uns comedores... e por aí fora.
Assim é fácil. Basta pegar em alguns maus exemplos que existem em todas as profissões, generalizar à classe inteira e conseguir o apoio da população para medidas muitas vezes gravosas para o futuro do país. E nós vamos aplaudindo alegremente, até que alguém atinge os nossos direitos. Mas, aí, o mais provável é que os outros aplaudam a nossa desgraça. É triste nivelar por baixo!"
Comentario por Lois Lane neste post do Avenida Central
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