Vivemos a época mais igualitária que Portugal e o mundo alguma vez conheceram. No século XIX, era preciso ter dinheiro para votar, quando não para existir. No século XX, era preciso ter dinheiro para estudar. No século XXI, partimos de uma situação mais confortável. Um ensino predominantemente público expandiu as hipóteses de aprendizagem e ascensão para aqueles que o usam bem. Uma economia privada permite que os mais talentosos e esforçados triunfem. A maioria de nós é exposta desde cedo ao mesmo tipo de estímulos, da televisão e da Internet, respondendo, para o mal e para o bem, com normas de comportamento mais ou menos idênticas.
Ao mesmo tempo, as coisas estão a mudar todos os dias. Estamos a passar por uma série de revoluções tecnológicas, laborais e culturais que tornam a vida muito mais difícil para os que não aprendem e não se adaptam. Vivemos uma era em que a informação é abundante e circula depressa, em que muita coisa acontece em simultâneo, em que a diferença entre o que sabemos e não sabemos pode acabar por ser decisiva.
Neste tempo, a grande desigualdade não é financeira, entre os que têm mais e os que têm menos, mas cultural e de conhecimento. Os estudos mostram que aqueles que tiram bons cursos superiores têm melhores empregos do que os outros. Os estudos mostram que há uma nova elite culturalmente apetrechada que só se relaciona com outras elites culturalmente apetrechadas.
Na era cognitiva, como lhe chamou o fantástico colunista do New York Times David Brooks, precisamos de tratar a sério do conhecimento e do modo como as pessoas interagem umas com as outras a aplicar esse conhecimento. Precisamos de combater o abandono escolar para diminuir o fosso entre os educados e os não educados. Precisamos de pensar na informação como um novo espaço para políticas que permitem às pessoas mais oportunidades de usar os seus méritos.
O nosso tempo dispensa que desenterrem as velhas políticas igualitaristas e redistributivas que só criam uma falsa segurança num mundo cada vez mais exigente.
Lembrem-se: são as oportunidades.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
"JÁ QUE FALAM DE IGUALDADE"
Publicada por HMAG à(s) 1:06 da tarde
Etiquetas: Competencia, Desenvolvimento, Desigualdades, Educacao, Socialismo
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