sexta-feira, 29 de julho de 2005

NO COMBATE AO TERRORISMO

Questão actual e de difícil compreensão e resolução para uma cultura ocidental…

A solução mais óbvia que nos aparece quando falamos no combate ao terrorismo será, provavelmente, a erradicação do subdesenvolvimento económico e social, salvaguardando a adequada formação do indivíduo, nomeadamente ao nível de valores universais. No entanto, ao mesmo tempo que nos parece óbvia afigura-se, de igual modo, como quase utópica.
Todavia, as medidas a curto prazo que se têm desenvolvido, sobretudo no âmbito da segurança policial e controlo da imigração, são extremamente importantes mas convém não esquecer que não combatem o mal pela raiz, outras medidas precisam já de ser tomadas.
Assim, ao nível económico e social, algumas medidas de longo prazo deveriam ser efectuadas junto dos países mais pobres, visto que é de nações dilaceradas do terceiro mundo que emergem as maiores redes de terrorismo. Neste sentido, uma grande percentagem da ajuda internacional aos países pobres deveria atribuir-se e concentrar-se nos aspectos prioritários: como o ensino elementar, a assistência médica, programas alimentares e de planeamento familiar. Da mesma forma, a promoção de reformas internas que favoreçam o desenvolvimento humano e profissional seriam fundamentais para promover um progresso sustentado nos países mais pobres. Estas sugestões, ao contrário de outras que estão a ser levadas a cabo por algumas nações, não têm a pretensão de impor ou interferir na cultura do próprio país mas, antes, promover nestes um desenvolvimento e um crescimento sustentado. Deverá procurar-se não dar os peixes mas ensinar-se a pescar.
Não esquecendo o papel do mass media, é importante reflectir que, muitas vezes, exercem uma influência negativa, designadamente ao nível da publicidade que dão aos actos terroristas, propaganda e notoriedade, por sua vez, amplamente desejada por estes.

O Caso especial da Al-Qaeda

A Al-Qaeda emergiu da guerra no Afeganistão que envolveu a União Soviética e Osama Bin Laden esteve no meio destes guerrilheiros desde o início da formação desta rede de terroristas, contribuindo fortemente para o crescimento desta.
Segundo Maria do Céu Pinto, docente e investigadora do departamento de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade do Minho, Bin Laden lançou uma nova versão do Islão, que se caracteriza pela total aversão à modernidade e à entrada dos países ocidentais no mundo árabe.
Em 1998, Bin Laden anunciou o seu programa de acção em três etapas distintas:
- Numa primeira fase, o objectivo era religioso: expulsar os “infiéis”, os não muçulmanos;
- Depois, a Al-Qaeda tinha como finalidade expulsar os americanos que exploram os poços de petróleo do médio oriente;
- Em terceiro lugar, estava prevista a conquista e conversão ao Islão do mundo ocidental.
No entanto, a história, principalmente os acontecimentos dos últimos anos indica-nos que os islamistas saltaram as duas primeiras etapas e fixaram-se no inimigo externo, isto é, no mundo ocidental.
Totalmente de acordo com Maria do Céu Pinto, o radicalismo dirigido ao mundo ocidental é forçosamente resultado da presença do ocidente nos países árabes.
O combate a esta organização passa pela adopção de várias medidas mas a menos eficaz, pelo que se tem visto, é a militar. Basta recordar as consequências pretendidas que não se verificaram após o bombardeamento do Afeganistão: a Al-Qaeda mantém-se e os ataques não terminaram, bem pelo contrário, intensificaram-se.
Combater a Al-Qaeda passará por combater as fontes do radicalismo e instabilidade nos países do Médio Oriente. A ajuda internacional é importante mas não pode ser imposta, a cultura islâmica é extremamente nacionalista e deve, antes de tudo, ser respeitada.

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