Todos os anos, no Verão, somos confrontados com estas notícias: vaga de incêndios destrói hectares de floresta, incêndios arruínam a vida de muitos pastores e agricultores, bombeiros combatem exaustivamente as chamas, o país está a ser destruído pela voragem dos incêndios e o desânimo tomou conta das populações... E todos os anos somos “tranquilizados” com a notícia de que “irão ser tomadas medidas de prevenção”, no entanto, no ano seguinte, as mesmas notícias surgem no ecrã das nossas televisões, nos jornais, nas rádios, parece um ciclo, ao qual os portugueses, infelizmente, já se habituaram.
Este ano estamos novamente a assistir a uma intensa devastação das nossas florestas. A conjuntura "muito grave" dos incêndios em Portugal já levou o governo em anteriores situações a pedir apoio à União Europeia.
Todos os anos, para minimizar esta vaga de incêndios que assola Portugal, o governo lança mão de medidas de apoio para com as vítimas dos incêndios. Todavia, estas medidas só irão reparar o problema nunca resolvê-lo. Ficam sempre por decidir medidas pragmáticas e eficazes, a curto e longo prazo, que ponham um ponto final a este grave ciclo de incêndios.
Há décadas que Portugal regista, ciclicamente, fogos nas suas florestas. E com idêntica regularidade são posteriormente realizadas várias reuniões, onde os responsáveis declaram terem aprovado novas medidas para a época seguinte. Não duvido da honestidade e da esperança dos responsáveis contudo parece-me legítimo afirmar que estas reuniões que todos os anos se realizam não resolvem nem nunca resolveram este grave problema nacional.
Urge apostar na prevenção: aumentar significativamente o corpo de guarda-florestais, distribuindo-os por todo o país e premiando aqueles que no final de cada época não tenham registado incêndios no perímetro da sua guarda.
Para auxiliar os guarda-florestais, parte do Exército deveria ser destacado todos os anos para o terreno, para fazerem vigilância, abrir caminhos, defender as populações e auxiliar os bombeiros, em vez de permanecerem nos quartéis. É ou não função e missão do Exército defender o território nacional??
Segundo as estatísticas, a maior parte dos incêndios é de origem criminosa. Contudo, não se pode pensar que se são todos fogos postos, ninguém tem culpa e não há nada de muito diferente a fazer, a não ser deter e penalizar o infractor. Bem pelo contrário, é imperioso compelir os proprietários e o próprio Estado a manterem as suas propriedades florestais limpas, visto que mais de metade dos 500 mil proprietários florestais têm os seus terrenos ao abandono e tendo em conta que apenas arde aquilo que está abandonado e que não tem qualquer tipo de ordenação ou planeamento.
É, portanto, fundamental investir no planeamento florestal, pensar num reflorestamento ordenado e sustentado e é indispensável coagir os proprietários florestais, através de multas ou penas, a cuidar das suas propriedades florestais.
Poderá parecer que as medidas enunciadas e os recursos financeiros que elas implicam sejam incomportáveis mas se fizermos as contas do que anualmente se gasta no combate aos incêndios, não esquecendo os custos ambientais que as áreas destruídas provocam, certamente se concluirá o quão estas medidas são urgentes e eficientes.
sexta-feira, 29 de julho de 2005
CICLO DE CHAMAS
Publicada por Sónia Monteiro à(s) 3:25 da manhã
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1 comentário:
Cara SPSM,
nao tenho direito a resposta na posta sobre a imigracao?
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