domingo, 28 de maio de 2006

Copianço ...


"Viagem ao mundo da hipocrisia onde as notas reflectem mais a habilidade do que o conhecimento..."

"Copianço nas universidades o grau zero da qualidade"

Ora vejamos, mundo da hipocrisia não será bem o termo correcto. Há três hipóteses para um aluno que vai fazer exame, copia e é apanhado, copia e passa impune ou não copia. Dados os mil e um malabarismos possíveis para iludir o docente que vigia(e pelo número baixíssimo de acusados por fraude) a hipótese copiar e ser apanhado, quase fica de parte. Ou se copia ou não se copia!
Agora outras questões, como por exemplo os ganhos decorrentes de copiar. Se não copiamos confiamos tudo no nosso estudo e na nossa concentração do momento. No lado dos que copiam há aqueles que não estudam e só copiam praticamente (isto sim é fraude) e aqueles que para além de estudar ainda levam os ... auxiliares de memória(nem que seja um amigo mais esclarecido!!).
Posto isto e dada a importância extrema do exame para o nosso resultado final, chegamos a uma situação em que para dar o máximo ... temos que copiar!
Isto porque por muito que o nosso estudo tenha sido completo, a probabilidade de nos faltar nem que seja um termo que serve como alavanca para prosseguir a resposta, é alta e os colegas que estão a copiar até que têm tudo esquematizado e bem desenvolvido, ora na maquina, ora na folha de rascunho que circula, ora na cábula bem reduzida, no tamanho e na reprografia do costume antes do exame ... Logo, dada a baixa probabilidade de serem apanhados, mesmo os que estudaram tentam fazer sempre melhor e para completar o estudo, mesmo que intenso, só uma garantia de que naquelas duas horas decisivas ... nada vai falhar!!

Bem que me dizem que tenho que ficar mais descontraído para os exames ...


Ainda no mesmo estudo ....

A batota na versão masculina e feminina

"...
as raparigas copiarem umas pelos outras, enquanto os colegas do sexo oposto já levam a cábula pronta de casa, embora peçam ajuda ao aluno do lado."

"
Concluiu o autor do estudo que 60% dos alunos se apoiam em copianços próprios, enquanto apenas 36% das alunas o admitem."

Daqui só tenho a concluir que:

1 - Nós homens somos mais independentes, versáteis e precavidos.

2 - Também somos mais honestos!

7 comentários:

Sónia Monteiro disse...

"...dada a importância extrema do exame para o nosso resultado final.." ou, (acrescentaria) dado o facto do exame ser o único meio de avaliação de um aluno, durante TODO um semestre!

Eins disse...

Nem sempre o é, e a tendência (pelo menos na universidade) é para diminuir cada vez mais o peso dos exames. Mas isso não resolve o problema de fundo que aqui se apresenta sob a forma de "copianço nos exames".

Mini-testes, frequências e fichas de trabalho sofrem dos mesmos males. Nem os trabalhos que contam para a classificação final escapam, com alunos a copiar integralmente livros ou artigos ou textos da internet, ou mesmo a colocarem o seu nome num trabalho que foi realizado pelo resto do grupo.

A assiduidade também é alvo de fraude, porque o número de alunos presentes numa sala permite que muita gente tenha assinaturas na folha de presenças sem que isso implique a sua presença.

Nas aulas, nos trabalhos, nos exames, no respeito pela lei e no desenrolar da vida comunitária, nós somos um país de chicos-espertos, isso sim.

João Ferreira Leite disse...

"... e dada a importância extrema do exame para o nosso resultado final, chegamos a uma situação em que para dar o máximo ..." - Ninguém tem de copiar!
Porque fraude é isso mesmo.
É aparentar um nível de preparação e de sucesso que não é verdadeiro porque não foi obtido por meios legítimos.
E não será o facto de, estatisticamente, ser desprezível o nº de processos por fraude nem o argumento de que "todos" copiam que levam a travestir de legitimidade quaisquer artifícios a que se possa recorrer.
Porque não vale tudo.
Ainda...

osso disse...

é o que temos neste nosso Portugal, o "desenrascanso" a ditar as regras.

HMAG disse...

Não disse que os artifícios eram legitimos, nem que só porque "para dar o máximo ... temos que copiar!", isso derrubava os principios de uma pessoa!

O que disse foi que em termos práticos, para maximizar o resultado, nesta lógica de fraudes ... temos que copiar!!

Isso porque o sucesso aparente representará o resultado final e uma das referências na partida para o mercado de trabalho ...

Concordo que não vale tudo ...
Ainda ...

João Ferreira Leite disse...

hmag,
Não te iludas com "essa" das referências para o mercado de trabalho...
Sabes que o mercado é tudo menos estúpido.
E ainda que composto e dirigido por pessoas, esse pressuposto só é válido onde não se avaliam as pessoas nem o seu trabalho.
Na tua empresa não vais querer ter um desses competentes "incompetentes", ou vais?
Se fores remunerado pelos resultados, eu sei a resposta.
E o mercado também!

HMAG disse...

A referência de que falo, a média, é sem dúvida importante para que certas portas se abram, mas concordo que uma vez "ilusória" em relação ás reais capacidades a avaliação do seu trabalho e das reais capacidades vai repor a "verdade"!

Mas infelizmente, esse número, essa referência, continua a ser a mais valorizada para que certas portas se abram ..

Ganham os aldrabões ;)