terça-feira, 31 de outubro de 2006

Não! (2)

Disse o JMS "fez-se luz (...) e quero lançar uma questão..." :

Porque é que um Governo que fecha maternidades e urgências nos hospitais por todo o país quer, agora, legalizar a prática de abortos nos hospitais públicos?

14 comentários:

Anónimo disse...

Sónia:
não percebi o que é que uma coisa tem que ver com a outra. Misturar uma medida (putativamente) de racionalidade económica com uma questão iminentemente moral e individual pode descambar para a demagogia. São questões muito diferentes. Não achas?

NAP

de la Serna disse...

O que é que o rabinho tem a ver com as calças? Já aqui há uns meses fizeste um post do mesmo género, mas continuas com a demagogia barata...

Anónimo disse...

Antes de mais queria dizer que fui eu que coloquei a questão, e não a Sónia.
Não considero ser demagogia o que disse; penso que não é essencial para o desenvolvimento do nosso país (muito pelo contrário) a legalização da prática de abortos em hospitais públicos.
Claro que no meio de tantos problemas e questões que se relacionam com o aborto esta é de somenos importância.
No entanto, não deixo de achar curiosa e caricata esta situação... Dá para pensar sobre as reais aspirações dos nossos governantes...

Anónimo disse...

Caro NAP:
Claro que uma coisa não tem a ver com a outra. Não sou contra a legalização do aborto apenas porque isso sai caro aos cofres do Estado (longe disso!). Como tu, julgo que essa é essencialmente um problema moral e de consciência e nunca económico.
Com esta questão apenas quis salientar a minha perplexidade perante a inversão de valores que se está a verificar, e de que esta situação é somente um minúsculo exemplo. Mas que nos faz pensar...

Pedro Morgado disse...

Neste post misturam-se duas vertentes:
1. O que deve fazer parte do Serviço Nacional de Saúde (e isso não é questionado no referendo);
2. Se a prática de aborto até às 10 semanas deve continuar a ser considerada crime (e esta é a matéria sobre o que versa o referendo!)

Anónimo disse...

Coloquemos a questão a um outro nível:
1 - Ele é finalista de Direito;
2 - Ela está no 3º ano de Direito;
3 - Namoram e (apesar de tudo!) ela engravida.
A relação não é suficientemente consistente para abarcar planos de casamento (ou de outro tipo!).
Dilema: interromper ou não?
É nestas circunstâncias que é colocada em causa toda a estrutura moral da nossa formação.
Se a decisão pender para a não viabilidade imediata de uma futura relação a resposta ao problema será a interrupção.
E ninguém (ou nenhum dos dois) questionará se é crime ou não. Tomam a decisão e vão em frente colocando-se perante um outro dilema que é o de saber onde o vão fazer e com que grau de segurança para a mulher.
O que está em jogo neste referendo é saber se vamos criminalizar ou não este acto!
Quem tiver certezas que "atire a primeira pedra". Se não as tiver então não terá o direito de condenar quem quer que faça essa opção.
Não confundamos convicções (de moral ou de religião) com as certezas que a ciência ainda não deu!
Sim pelo referendo.
Eu vou lá estar.

Anónimo disse...

Eu não disse que se estava a fazer demagogia João. Apenas disse que um assunto tão delicado como este, misturado com outros que de moral e consciência têm muito pouco, pode descambar (pode) para a demagogia.
Eu prometo um post que dê conta da minha posição quanto ao assunto. A publicar no Casinodaelsa.
Acho que vale a pena discutir serenamente.

Abraço

NAP

Sónia Monteiro disse...
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Sónia Monteiro disse...

Caros amigos,

para breve um post com os meu ponto de vista ... e sem esgotar todos os argumentos, caro JL :)

Anónimo disse...

"penso que não é essencial para o desenvolvimento do nosso país (muito pelo contrário) a legalização da prática de abortos em hospitais públicos."

entao a questão para os que sao contra a despenalizaçao (apesar da palavra nao ser a adequada, mas isso é outra questão ...afinal a questão é despenalizar ou descriminalizar?...) é se esta será essencial para o desenvolvimento do nosso país??....

HMAG disse...

ap disse: "apesar da palavra nao ser a adequada, mas isso é outra questão ...afinal a questão é despenalizar ou descriminalizar?...)"

Obviamente, chamam descriminalizar ao que querem despenalizar/Tornar livre!

ap também disse: "entao a questão para os que sao contra a despenalizaçao é se esta será essencial para o desenvolvimento do nosso país??"

Obviamente não é essa a questão. É uma questão MORAL, médica, jurídica e muito mais ...

JMS terá dito que não é essencial no sentido em que deve entende que a actual lei sobre a matéria não necessita de alterações!

JMS que me corrija se disse asneiras!

Anónimo disse...

Obrigado HMAG, entendeste o meu raciocínio... Acrescento só que quando disse isso estava a falar de uma suposta relação entre a prática de abortos em hospitais públicos e medidas economicistas.
É óbvio, caro AP, que sou contra a despenalização do aborto por razões de ordem ética e moral, e porque entendo a vida como uma dádiva, de que não cabe, nem a mim, nem a ninguém, dispor.
Não considero que esteja em causa nesta questão, em primeira linha, o desenvolvimento do país. Espero que me tenha feito entender desta vez...

Anónimo disse...

NAP esperamos então por conhecer a tua posição..

Abraço

Anónimo disse...

HMAG disse:Obviamente, chamam descriminalizar ao que querem despenalizar/Tornar livre!

Descriminalizar e despenalizar são dois conceitos totalmente diferentes.

Descriminalizar é, com consenso geral, deixar de considerar crime alguma conduta.

Ao passo que "despenalizar" é já um conceito com alguma polémica quando se quer explicar. Para uns, é reduzir pena, para outros é que uma conduta deixe de ter pena e passe a ter outra sançao, como por exemplo uma coima.

Tornar livre é uma questão bastante diferente...

E isso tambem me levanta questões como por exemplo, quem votar que é a favor da despenalizaçao, e se o SIM ganhar, quando vir que a interrupção for descriminalizada e nao despenalizada terá direito a insurgir-se pois votou para algo muito diferente?...

"Misturar uma medida (putativamente) de racionalidade económica com uma questão iminentemente moral e individual pode descambar para a demagogia." NAP - foi nesta perspectiva que me insurgi com sua a afirmaçao, caro JMS.

Relativamente à opinião pessoa de cada um, cada qual tem o direito de ter a sua, como é lógico, e eu também posso afirmar que sou a favor da "despenalização" por razoes de ordem ética e moral. Mas, sublinho algo que por vezes quem está do lado do "Não" nao compreende nos do "SIM", que é o facto de eu nao ser a FAVOR do aborto. É algo totalmente diferente. Uma coisa é alguem que defende a prática do aborto, outra coisa é alguem que defende que quem o pratica nao deva ser um criminoso. Sao questões diferentes, que muitas vezes observo serem confundidas.
As descriminalizações, como tudo nesta vida, tem as suas vantagens e as suas desvantages, cabe a cada um fazer o seu balanço e dizer que na sua opinião as vantagens ultrapassam as desvantagens ou não.

Nao concordo que se criminalize mais uma mulher que faça uma interrupção de gravidez, mais do que ela própria já se estará a criminalizar.

E sei que toda as pessoas do "Não" argumentam com "se descriminalizarmos, toda a gente irá socorrer-se desse procedimento para remediar situações e a atitudes irresponsáveis". Pois na minha opinião, isso não irá acontecer, pois como volto a dizer, qualquer pessoa (sem ter algum tipo de desiquilibrio mental) nao irá fazer um aborto como "método contraceptivo" e de animo leve. Pelo que conheço e leio de pessoas que o fizeram, é uma situação altamente traumatizante.

Simplesmente, de certo saberá, que mesmo usando dois métodos contraceptivos usuais, como a pilula e o preservativo, existem casos (por mais que raros) em que a mulher engravide. (situações por exemplo de ter o azar de que a pilula venha defeituosa, e o preservativo no momento do acto se rebente)...

Claro que esta é uma daquelas discussões de ideias que tende para o mais infinito...
Nunca irá terminar, mesmo depois de decidida a descriminalização ou não...

Apenas apelo para a compreensão e sensatez deste tipo de situações, pois muitas vezes deparo-me com pessoas que, como se costuma dizer, cospem para o ar e depois...cai-lhes em cima quando menos esperam...