Desde que o Governador do Banco de Portugal, Vitor Constâncio, falou aos portugueses sobre o estado das nossas finanças públicas, esse "monstro" que é o défice, passou a preocupar tudo e todos.
O valor apresentado, 6,83%(do PIB), é dramático, no entanto, foi apresentado nestes termos precisamente para chocar os portugueses e assim "calçar" as medidas impopulares, e nada típicas dos governos socialistas, que o nosso primeiro-ministro, José Socrates, já apresentou e às quais outras irá certamente juntar brevemente.
Ora, este valor tem como critério assumir que nada iria ser feito até ao final do ano para combater esta situação e, por outro lado, assenta em pressupostos que não estão sequer previstos no Orçamento de Estado, que brevemente será inclusive rectificado!
A consciencialização de que "todos temos que pagar o défice" é realmente necessária e José Sócrates conseguiu essa proeza sem diminuir a sua popularidade, mesmo depois de apresentar medidas nomeadamente ao nivel do IVA, segundo um estudo apresentado no Jornal Expresso. As medidas apresentadas pelo nosso primeiro-ministro visam "engordar" as nossas receitas em largos milhões de Euros, o que permitirá amenizar o desfazamento em relação aos valores de convergência definidos no Pacto de Estabilidade e Crescimento, mas será que nestas medidas residem as soluções para o problema das nossas Finanças Públicas? A resposta é obviamente não, até porque esta política orçamental restritiva trará um menor crescimento económico, assim como, um consequente menor desenvolvimento. Todavia, verdade é que as medidas apresentadas são realmente necessárias no curto prazo, uma vez que é fácil de prever que o Banco Central Europeu não será tão flexível como foi com a França, a Alemanha e a Grécia em 2002.
Em relação às medidas de carácter estrutural, que esperemos que sejam apresentadas até ao final do ano, o principal problema a combater parece ser o da nossa Função Pública e o peso do Estado na economia. Se fizermos uma análise comparativa dos valores do peso do Estado na economia em Portugal e nos restantes países da União Europeia, vamos ver que os valores são bastante idênticos, porém, esta realidade não é obstante do facto de, comparativamente com esses países, Portugal ter apresentado sucessivos níveis de crescimento económico muito abaixo dos apresentados pelos mesmos.
Com efeito, as mentes ávidas mais à esquerda, dirão que "se está a atentar outra vez contra os direitos dos funcionários públicos" e que o "Estado tem que assumir um papel importante na economia do país" todavia, a questão é que a realidade não nos permite viver assentes nas utopias que alimentam essas mesmas mentes...
...haja coragem!!!
domingo, 5 de junho de 2005
Um "Monstro" chamado Défice!!
Publicada por HMAG à(s) 9:43 da tarde
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8 comentários:
É realmente de destacar o show-off político pelo qual se pautou o anúncio da verdadeira dimensão do monstro. Depois do chamado estado de graça, na sequência do contrato em branco que a maioria dos portugueses optou por assinar em favor do partido socialista, tivemos todos oportunidade de assistir a uma fantochada protagonizada pelo nosso primeiro-ministro e pela denominada Comissão Constâncio. É realmente triste e lamentável que o actual governo da república de Portugal tenha de usar deste tipo de estratagemas para disfarçar a sua incompetência e incapacidade para cumprir o que prometeu antes das eleições de 20 de Fevereiro. Aproveito para lembrar que há pouco mais de um mês (antes, portanto, do anúncio, mas já depois da tomada de posse), o nosso primeiro-ministro disse para quem quis ouvir, que tinha conhecimento de que o défice estaria acima dos seis por cento, mas que nem por isso iriam ser aumentados os impostos. Realmente vê-se que é um homem de palavra, o que diz, faz.
Já no que respeita ao tão propalado Programa de Estabilidade e Crescimento é de destacar o facto de o choque tecnológico, que serviu de base a toda uma estratégia política em tempo de eleições, se resumir a uma pequena referência na introdução do documento (ocupa no mínimo uma linha, já é muito)
É caso para dizer: o mal já está feito. Agora é sofrer e pedir para que não dure muito.
As medidas tomadas pelo governo não são as mais apropriadas para redução do défice. Este existe porque o estado está a desperdiçar demasiados recursos. Assim, o ataque deve ser feito pelo lado da despesa e não pela receita. No entanto, impunham-se medidas com efeito imediato devido à previsão do valor (estupidamente elevado e exemplarmente escondido) do défice!
As medidas estruturais (que tantos governos diziam que iriam tomar, nomeadamente e especialmente o de Durão – que tanto alarido fez e nada realizou…) serão agora tomadas. Esperemos para ver quais são e depois poderemos afirmar, se for o caso, como ‘jarv’, e passo a citar: “o mal já está feito. Agora é sofrer e pedir para que não dure muito”. Espero e acredito, para bem de PORTUGAL, que não!!!
Já agora uma correcção ao post: O aumento dos impostos trará um aumento de receitas de apenas 0,4% do PIB (não são assim tantos milhões…).
Caro JML, antes de mais, obrigado por intervir neste blog e espero que o continue a fazer sempre que achar oportuno...
Quanto à correcção que fez ao post em relação à receita proveniente do aumento dos impostos:
Produto Interno Bruto - 135 035 milhões Eur (2004)
in "http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Portugal/"
Ora,
135 035 000 000 * 0.004 =540 140 000
...trocando por miudos, 540 mil milhões de euros!!
Todos sabemos que não constituem nenhum "bote salva-vidas" mas...
...ainda são uns milhões consideráveis!!
E esses 540 mil milhões de euros ou 0.4% do PIB só não constituem uma redução muito significativa no valor do défice, porque este assume neste momento valores absurdos e totalmente fora dos padrões "aceitáveis". Não seria concebível à algum(não muito!) tempo atrás que o valor do défice estivesse mais do que um ponto percentual ou pouco mais acima dos 3%, contudo, o valor do défice estar´´a agora a cerca de 3 pontos percentuais de diferença. Daí que mesmo para além das medidas mais importantes, de caracter estrutural, sejam esperadas mais medidas de curto prazo que permitam fazer a aproximação de valores desejada...
HMAG, o que eu queria dizer é que estando o défice previsto na casa dos 6,8%, um aumento de receitas de 0,4% não é assim tão importante...
A medida vale pelo significado moral. Mostra que o governo está empenhado em reduzir o défice e evitando assim a reavaliação em baixa do rating da dívida pública, e consequentemente, evita a subida de juros em Portugal.
Na minha opinião, embora esta medida tenha efeitos restritivos no curto prazo (porque prejudica o consumo), no longo prazo trará benefícios superiores (porque não restringe o investimento).
Obs: 540 140 000 são 540 milhões de euros :) . É dinheiro, mas sendo o valor do défice de 9,2 mil milhões de euros, não é assim tanto.
Sim, é verdade que os 540 milhões(a confusão deve ter sido derivada do facto de ser mesmo mt dinheiro ;)... ), valor absoluto, em termos relativos não representam assim tanto, mas dada a conjuntura que assenta num défice elevadíssimo(com um défice até aos 4% grande parte da situação, no curto prazo apenas, estaria resolvida... Em termos das expectativas, não acredito que o consumo seja muito afectado(dado que já não estava em níveis mt elevados) e o investimento poderá beneficiar do sinal positivo dado pela "vontade política" de alterar o panorama ´das finanças públicas!!
vamos aguardar pelas medidas de carácter estrutural e ... esperar também que os nossos "parceiros" europeus não agravem mais a nossa situação, pois casos como o da itália que admitem a possibilidade(ainda que meramente hipotética) de saída da zona Euro, podem trazer problemas sérios à estabilidade da Moeda Única...
O facto de ter apagado o post foi porque me apercebi uns erros (e desta vez não foi com números :) ) que achei por bem corrigir...
Fica feita a nota....
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