terça-feira, 1 de novembro de 2005

Dá que pensar…

(Gráfico: Universidade de Origem dos estagiários em advocacia (desde o ano 2000))
A maioria dos estagiários desde o ano 2000 obteve a sua licenciatura em universidades privadas (4182) …

14 comentários:

Anónimo disse...

Sim. Dá que pensar!
Mas para quem o faz!
Porque...
"Pensar é o trabalho mais pesado que existe e, por isso, tão poucos o fazem!" - alguém declarou.
Importa-se de concretizar ou pretende deixar as conclusões no campo do arbítrio?

Sónia Monteiro disse...

Mais concreta não posso ser: O curso de Direito, como um curso clássico, sobretudo, e que não exige grandes custos ao EStado, não devia ser leccionado em Universidades Privadas.

Anónimo disse...

Abri, li e reli.
Não queria acreditar!
Não acredito!
SPSM não pode ter escrito isto!
Curso clássico <=> Estado
Baixo custo <=> Estado
Iniciativa privada <=> Não
Continuo a não acreditar.
Se me explicarem, clara e pausadamente, talvez - durante a explicação - se faça luz naquele(a) que ensaia um discurso que leva à admissão do inadmissível.

Anónimo disse...

Caro jl, só não vê quem é cego certas e determinadas situações que pululam no ensino do Direito em Portugal. Uma delas é a questão do Ensino Superior privado de Direito. Se estivesse um pouco mais atento ao mercado de trabalho constataria que este, no ramo do Direito, se encontra particularmente saturado, nomeadamente numa das vertentes nobres do Direito (advocacia), por centenas de licenciados de Direito virem das privadas, com médias superiores aos licenciados do Público, mas com menor bagagem jurídica do que estes últimos. Isto leva a um denegrir da nossa ciência como se vem verificando (tudo o que é licenciado vai para advogado). Assim pode-se (e deve-se) concluir que certos ramos do Estado não se podem abrir à óptica neo-liberal e à política do mercado livre, com a cega procura do lucro. Essa lógica no nosso país traduz-se em 19 cursos de Direito, sendo apenas 5 deles públicos. E assim vai o nosso curso... Se calhar deviamos era ir todos para o ensino privado e contribuirmos todos para a degradação da imagem do jurista em Portugal. Jl, agora tem de fazer a sua escolha...
JAMC

Anónimo disse...

JAMC, ensaiei um comentário. Porque se tornou extenso, resolvi publicá-lo na forma de post.
http://casinodaelsa.blogspot.com/2005/11/estagirios-ordem-dos-advogados.html

Sónia Monteiro disse...

Caro JL,

na minha óptica, nas Universidades Privadas só devem existir cursos que para formar devidamente os seus alunos exigem certos custos. Visto que o Estado não é capaz de suportar todos esses custos em todas as Instuições de Ensino Superior, compreende-se a necessidade da intervenção privada. No caso de cursos clássicos, como Direito, os custos são quases inexistentes e o Estado é capaz de os suportar em todas as Universidades Públicas em que estes existem.

É óbvio que a concorrência no mercado de trabalho é de salutar mas não uma concorrência desleal, como aquela com que nos deparamos entre as universidades privadas e públicas.

É certo que dessas instuições privadas saem bons alunos e bem preparados mas também sabemos que muitas apresentam graves deficiências no ensino ministrado que, por sua vez, prejudicam os juristas que formam. Sei que o ensino privado de Direito não vai terminar mas penso ser imperioso uma justa avlaiação de todos os cursos de Direito. E dessa avaliação dever-se-á concluir que as instuições incapazes de formar juristas devidamente preparados, deverão ser extintas.
Não basta lutar pela nossa licenciatura no ensino público e demonstrar que estamos melhor preparados, é também importante combater estas "fábricas de juristas" que se enegrecem a imagem do curso de Direito.

Considera legítimo a luta pelo lucro? No ensino e na formação de profissionais competentes, o lucro deve ser secundário. Acima de tudo, importa a qualidade e só depois o lucro.

Anónimo disse...

SPSM,
Uma interpretação literal aliada aos outros elementos conhecidos permitirá - com as suas palavras - concluir exactamente o contrário daquilo que defende.
1-Aos privados apenas se deverá permitir "estar" onde o Estado não é capaz de suportar os custos!
2-Os cursos clássicos não têm custos ou quase!
3-A concorrência dos privados é desleal!
4-Questiona a legitimidade da busca do lucro, secundarizando-o!
Com estas conclusões creio estar a imaginar-se numa sociedade que já não existe.
Se perguntar àqueles que, na sua escola, têm responsabilidade nestas matérias verificará que pensam exactamente o oposto.
O tempo e a experiência profissional futura encarregar-se-ão de lhe demonstrar que o curso da História já vai lá mais à frente.
São os meus votos.

Sónia Monteiro disse...

Parece que as minhas palavras não têm sido claras aos olhos do caro JL...

"1-Aos privados apenas se deverá permitir "estar" onde o Estado não é capaz de suportar os custos!" - Generalizações caro JL? Criticou tanto as posições/generalizações de JAMC que acaba por fazer o mesmo. Não tente insinuar que argumento contra os privados pois sabe que não é isso que pretendo. A questão em causa é específica e neste campo sabemos que a utilidade e importância dos entes privados não é tão relevante como noutras áreas, até mesmo no ensino.

"2-Os cursos clássicos não têm custos ou quase!" Explique-me a utilidade do ensino privado de Direito, por exemplo, talvez assim consiga perceber a sua posição não muito clara.

"3-A concorrência dos privados é desleal!" No meu humilde entender, a concorrência leal pressupõe igualdade de critérios de avalição, exigência e uma suficiente qualidade de ensino.Entende que existe essa lealdade entre o privado e o público?

"4-Questiona a legitimidade da busca do lucro, secundarizando-o!
Com estas conclusões creio estar a imaginar-se numa sociedade que já não existe." - Estou admiradíssima com estas suas palavras... Acha legítima a procura exagerada do lucro quando falamos em Ensino, educação, formação?; quando falamos de um dos pilares de desenvolvimento ( e não falo em crescimento) de um país?

"O tempo e a experiência profissional futura encarregar-se-ão de lhe demonstrar que o curso da História já vai lá mais à frente." - Não sou utópica mas sei ver o que está bem e o que está mal... A solução que lhe apresentei no meu comment anterior não é no entanto impossível.

Anónimo disse...

1-"na minha óptica, nas Universidades Privadas só devem existir cursos que para formar devidamente os seus alunos exigem certos custos. Visto que o Estado não é capaz de suportar todos esses custos em todas as Instuições de Ensino Superior, compreende-se a necessidade da intervenção privada." - as palavras são suas!
2-A utilidade não é definida por mim nem por ninguém sentado num gabinete. É o mercado que define se um produto é útil ou não. Quanto ao ensino privado do Direito ou de qualquer outra área do conhecimento terá exactamente a mesma sorte que "a mão invisível" de Adam Smith lhe atribuir quando estiver a concorrer com o público.
3-Disse bem, "no seu humilde entendimento". No meu, quanto mais baixa for a qualidade e menos exigentes forem os critérios de avaliação então teremos "fornadas" de "juristas" com os quais não terei de me preocupar quando estivermos em concorrência.
4-"Acha legítima a procura exagerada do lucro..." - quem falou em exagero? Ou se busca o lucro ou não! E, creia, lucro não tem só a ver com ganhos financeiros imediatos. Que prestígio pode angariar uma escola (de Direito, se quiser!) que não tem modelos comparativos para perceber o seu nível de desempenho e de desenvolvimento?
5-A capacidade de sonhar atesta a nossa juventude. Aqueles que deixaram de sonhar iniciaram a "curva descendente" da vida. E sabemos que nenhum de nós pertence a este grupo. Sei apenas que não declaro tantas certezas.

Anónimo disse...

caro jl, digo-lhe que assim que tiver um pocuo mais de tempo lhe responderei, por enquanto limito-me a ler.
JAMC

Sónia Monteiro disse...

Caro JL,

Não parece estar a entender o que aqui discuto... Aliás parece quer deturpar o que aqui tenho vindo a dizer.
" É o mercado que define se um produto é útil ou não." Acha que o mercado já não se encontra saturado? "Produto"? A sua visão das necessidades que o mercado apresenta são diferentes das minhas. Enquanto fala de "produto", eu falo de pessoas competentes e que são realmente necessárias.

E o mercado está viciado caro JL... Há ofertas boas, razoáveis e várias más... E estas últimas não devem ser esquecidas pois só vão denegrir a imagem de um curso como o nosso, que infelizmente já está ameaçado por esta imagem...

Não disse que o lucro deve ser ignorado... Apenas que o desenvolvimento da qualidade do ensino é prioritário. (Acho que o disse de forma clara.)

Mas caro JL este é só o meu humilde entendimento, que não goza de uma experiência tão profunda e de uma visão tão clara da vida e do futuro.

Anónimo disse...

SPSM,
Aprecio o entusiasmo que põe na discussão.
Começando pelo fim:
1-"Sei apenas que não declaro tantas certezas." - alguma experiência (que não profunda!) não nos garante nem clarividência na visão da vida nem do futuro. O arrojo da juventude tende a fazer-nos assumir as "nossas" verdades como absolutas e inatacáveis. Quis apontar no sentido contrário.
2-"Produto" - não estamos a coisificar as pessoas! Trata-se tão simplesmente de uma linguagem economicista de abordagem ao mercado. As pessoas competentes, bem preparadas e que foram sujeitas a rigorosa avaliação e selecção terão sempre lugar no mercado quer esteja saturado ou não.
3-Não! O mercado não está saturado. Enquanto houver candidatos a preencher as vagas de um curso significa que as pessoas estão dispostas a correr o "risco" de competir num mercado onde muitos procuram o espaço disponível para poucos!
4-Por favor, não fale de mercado viciado! Se já percebeu que há ofertas desde o bom ao mau então não deve ficar preocupada com a imagem que possam produzir. Todos os interessados também já perceberam que assim é. E isso induz a busca da excelência.
5-O lucro não obstaculiza nem inviabiliza a qualidade do ensino. Podem coexistir, pacificamente.
E não precisa de se perder na escolha subtil de palavras que não ofendem, ofendendo.

Sónia Monteiro disse...

Os bons e empenhados sempre vão existir independentemente da quantidade.... Não é a quantidade que faz com que existam! Distingo quantidade de qualidade e não consigo perceber como a quantidade pode favorecer o nosso curso...

PML disse...

Ao passar os olhos por este post e comentários não pude deixar de dizer aqui uma ou duas coisas.
Quem tem algum tipo de preconceito em relação ás universidades privadas não tem sequer cabeça para ser admitido em qualquer sub-sistema de ensino. Será apenas insegurança? Como alguém já disse, o mercado que escolha...e ele não está assim tão saturado porque...Há escolhas!
Só mais uma coisinha...cursos clássicos? pretenciosismo qb....