segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Anacronismos...

Há uns dias, publiquei o excerto de um post de RUI AT, do Portugal Contemporâneo... e vejam a coincidência, hoje, estava a reler umas páginas da Biografia de Eça de Queirós e encontrei um texto bastante parecido, escrito por Eça, para o seu primeiro artigo de As Farpas... Note-se que foi escrito há dois séculos atrás... mas podia ter sido HOJE mesmo.
« Fomos outrora o povo do caldo da portaria, das procissões, da navalha e da taberna. Compreendeu-se que esta situação era um aviltamento da dignidade humana: fizemos muitas revoluções para sair dele. Ficámos exactamente em condições idênticas. O caldo da portaria não acabou. Não é já como outrora, uma multidão pitoresca de mendigos, beatos, ciganos, ladrões, caceteiros, carrascos, que o vai buscar alegremente, ao meio dia, cantando o Bendito; é uma classe inteira que vive dele, de chapéu alto e paletó. Este caldo é o Estado. (...) Todos vivem na dependência: nunca temos por isso a atitude da nossa consciência, temos a atitude do nosso interesse. Lentamente, o homem perde também a individualidade de pensamento. (...)Não tendo de formar carácter, porque ele lhe é inútil e teria a todo o momento de o vergar; não tendo de formar opinião, porque lhe seria incómoda e teria a todo o momento de a calar - costuma-se viver sem carácter e sem opinião. »
MUDAM-SE OS TEMPOS, MAS OS VÍCÍOS PERMANECEM...
Mudanças, revisões, reformas atrás de reformas, Choques são "leads" constantes nos Jornais... mas os números, os resultados permanecem iguais!

1 comentário:

joshua disse...

Não se pode reformar contra a idiossincracia de um povo: bigodes, vinho e subsídios é que fazem de Portugal Portugal.