quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A Praxe?! Eu?! Adorei!!

(A propósito de uma troca de argumentos sobre a Praxe no Avenida Central, entendi que devia escrever estas linhas!)
No meu caso concreto, apesar de ter passado por algumas situações que, provavelmente, vos deixaria mais chocados que esta imagem em particular ["apologia da humilhação"dizem uns], não posso deixar de sublinhar que, depois de tudo passado, teria ficado muito triste e frustrado se esse fim que profetizam para a praxe, tivesse acontecido antes do meu ano de caloiro.
E tenho a certeza que o mesmo diriam os meus amigos e colegas que, no mesmo período, entraram em diferentes cursos e universidades.
Na verdade, a praxe é diferente entre as diversas Universidades do país. Admito, de facto, que muita coisa deveria mudar e muita gente deveria ser responsabilizada por determinadas situações intoleráveis de claro abuso de poder e atentado à dignidade individual. Totalmente de acordo!
No entanto, não será menos verdade que os visionários que prevêem o fim da praxe não sabem, não souberam e, provavelmente, nunca vão saber o que é o espírito académico. Aliás desconhecem de todo o quão importante e divertido pode ser a praxe.
Infelizmente, nem eu [um desses dementes atávicos que não rejeita a praxe], nem ninguém lhes poderá ensinar, é algo intransmissível e pessoal.
Criticar
sem sequer ter experimentado é, na maioria das vezes, fácil. Aliás, nem é preciso procurar muito, pois de maus exemplos [perfeitos para exemplificar o que não nos agrada] encontra-se este "mundo esclarecido" cheio.

5 comentários:

Sónia Monteiro disse...

Um anónimo escreveu num outro blogue: "A Praxe é altamente meritória, o problema é quem a aplica. Faz-me lembrar a Democracia..."

José Gomes André disse...

Chegando por via do link para o meu blogue a este post, e tendo lido com atenção o que escreveu, gostaria que fosse um pouco mais longe na definição do que é o "espírito académico" e de como a praxe se insere/fortalece o mesmo.

O texto marca uma posição (a que tem todo o direito), mas não discute a substância, ficando pelo argumento preguiçoso de dizer que "para quem nunca experimentou é fácil criticar" (onde me incluiu). (Que eu saiba) não me conhece, não sabe se experimentei ou não, não sabe se eu tenho ou não contacto com a vida académica.

Peço-lhe portanto, que leve a sua reflexão mais além. Eu escrevi contra a praxe num texto que procurei fundamentar. Quais são os seus argumentos para a defender? "Faz parte do espírito académico"? Óptimo. Diga-me então o que é para si esse espírito. Eu avanço já algumas hipóteses exclusivas: não é certamente bater num recruta com espingardas e mandá-lo para o hospital, não é certamente encher de bosta um estudante de agronomia, não é certamente pôr alunas de geografia a simular broches a estudantes de antropologia em público. Aguardo pela sua definição.

Cumprimentos!

HMAG disse...

"Uma sociedade civilizada devia erradicar este fenómeno puro de exclusão, esta coacção psicológica necessariamente violenta, esta forma de opressão perpétua. Num mundo esclarecido, não há lugar para a praxe. Sem excepções."

Esta foi a forma como terminou o seu texto e que me fez (cometer a ousadia de) colocar o link.

Antes de mais, para que esteja contextualizado com aquilo que foi a minha praxe, fui estudante de Economia da Universidade do Minho

De seguida respondo à sua questão sobre o Espírito Académico de forma sucinta, por aquilo que me foi transmitido e que transmiti depois:

Os principais objetivos da praxe foram (Nada de broches, bosta nem porrada que ninguem toca em ninguem na praxe) integração dos caloiros, já que provêm de pontos diferentes do mapa por vezes e têm formas mais ou menos timidas de estar, dependendo de situação para situação, atraves da interacção entre eles e por outro lado mostrar que porque se vem do secundario com media de 17 ou com media de 13, não quer dizer que se é o maior da freguesia dele, porque o secundario foi outra historia e agora está tudo no mesmo patamar.E isto visa sobretudo, que no fim de contas, para além das amizades também se fomente o companheirismo, a entreajuda e a união entre os caloiros.

Depois há também a questão da ajuda que os mais velhos(não os que tem 27,3 matriculas mas normalmente os que estão nos ultimos anos), possam transmitir um pouco da sua experiência para facilitar a integração nos mais diversos aspectos.

Depois há outras questões como o "amor" á nossa academia, ou a participação nas actividades académicas dos mais diversos tipos entre outras coisas mas neste campo acho que deve variar mais de universidade para universidade.

Dado o tamanho da resposta, só espero que seja esclarecedora na mesma proporção! E obrigado já agora por se juntar ao debate que é sempre saudável!

Cumprimentos!

José Gomes André disse...

Fez muito bem em fazer o link (agradeço as visitas extra)! :)

Afinal até estou de acordo quanto ao essencial: a praxe, como instrumento de integração, podia ser útil, especialmente no caso dos estudantes "de fora". Óptimo na teoria, péssimo na prática. Porque o senhor sabe, como eu, que por cada praxe "inclusiva", pacífica e até divertida, são praticadas pelo menos 50 praxes ridículas, às vezes bárbaras, mal-educadas, ofensivas, que têm como objectivo apenas humilhar os alunos.

Eu acharia que um bom convívio, uns copos, uma cartada, um snooker, um Risco, um jogo de futebol ou uma festa com rissóis e imperiais eram mecanismos de integração bem mais divertidos e eficazes. Sem batinas, trajes, nem orelhas de burro. E não em nome de um mundo mais "intelectual", mas mais justo e respeitador dos direitos de cada um.

Um abraço!

HMAG disse...

"Porque o senhor sabe, como eu, que por cada praxe "inclusiva", pacífica e até divertida, são praticadas pelo menos 50 praxes ridículas"

Humm ... Olhe que nao sei mesmo! Acho que essa estatistica deve ser feita pela mesma empresa de sondagens que diz que so' um em cada 50 portugueses nao votaria no Socrates agora ...

E ate' que tocou em pontos divertidos da praxe que eu proprio nao fui capaz de referir ... "um bom convívio, uns copos, uma cartada, um snooker, um Risco, um jogo de futebol ou uma festa com" ... aqui tenho que intervir e trocar as Imperiais por Cervejas e os rissois por tremo(ss)os ou amendoins ... :)

Abraco