Salazar foi mau. Ninguém me convence do contrário. Não há milagre económico (que por acaso até nem existiu) que justifique a restrição à liberdade de pensamento e de expressão, que autorize a tortura e que legitime a ditadura. Salazar pode até ter sido um homem bem intencionado, como Hitler, Estaline, Mão Tsé-tung, Pinochet ou Fidel Castro eventualmente o foram. No entanto, o que os factos demonstram é que a intolerância das suas políticas custou vidas e foi muito prejudicial para o desenvolvimento sócio-económico do país.
A histeria de uns sempre que se fala de Salazar e o apoio velado de outros ajudam a colocar o ideário fascista na ribalta. Os sinais de incoerência multiplicam-se de parte a parte. Os partidários da revolução criticam Salazar enquanto se recusam a condenar os regimes de Cuba, China e Coreia do Norte. Os partidários da direita enaltecem o Estado Novo, vociferando contra as ditaduras de Cuba, China ou Coreia.
O fascismo é mau. Como o comunismo também é mau. Mas não é isso que merece ser discutido em Santa Comba Dão. O que importa discutir é a premência de investir fundos públicos na construção de uma Casa-Museu que idolatre um ditador, que fuja à verdade histórica ou que branqueie o Salazarismo, porque ainda não foram dadas garantias concretas de que o que ali se fará será um Museu do Estado Novo, na verdadeira acepção do termo.
Onde estão agora os que alvitravam contra o financiamento das companhias de teatro portuenses? Onde estão agora os que protestaram contra a manutenção do Rivoli como Teatro Municipal? Precisamente ao lado da construção desta Casa-Museu Municipal. Estranha forma de vida.
Que é como quem diz, «coerência precisa-se!».
Por Pedro Morgado
2 comentários:
dizes bem : "coerência precisa-se!"
Qualquer dia ainda comparam o monstro Salazar ao Herói Che... Haja paciência para o politicamente correcto!
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