sábado, 11 de fevereiro de 2006

Ainda a propósito das caricaturas de Maomé

[Algumas considerações filtradas]

1. Quando se deu o 11 de Setembro ou o 11 de Março, levantaram-se no Ocidente milhões de vozes para dizer que os muçulmanos não deviam ser castigados ou perseguidos pelo acto hediondo de um grupo de fanáticos. Agora, por causa de uma atitude infeliz e talvez irresponsável de um Jornal, os dinamarqueses são perseguidos sem que no mundo árabe alguma voz (oficial) se levante contra este exagero e injustiça...

2. No comunicado do «nosso» Ministro dos Negócios Estrangeiros não há qualquer referência aos actos de violência, às embaixadas incendiadas, as ameaças e mortes de que, sobretudo, os Dinamarqueses têm sido vítimas. Não há qualquer manifestação de solidariedade!

3. Convém relembrar que a Dinamarca nunca foi conotada como antimuçulmana, aliás, a Dinamarca é dos países mais activos nas missões internacionais de solidariedade. No entanto, “o governo pró-russo da Tchetchénai decidiu suspender no território a actividade da Organização humanitária Conselho Dinamarquês para os Assuntos dos Refugiados.”

4. "Uns desenham caricaturas. Outros prestam ajuda real. É absolutamente absurdo atirar a culpa de uma pessoa para cima da outra só porque tem a mesma nacionalidade...", declarou a dirigente de uma organização de defesa dos direitos humanos.

6. Outras reacções (desta vez não violentas) daqueles que se insurgiram contra a falta de respeito pela religião podem ser vistas aqui.

7. Seis das doze caricaturas do Profeta Maomé foram publicadas no Egipto em Outubro sem levantar qualquer polémica... Foi só depois de um encontro da Organização da Conferência Islâmica que as caricaturas se transformaram nesta crise.... [Porquê só nessa data?]

Dá que pensar......

Todas estas reacções há muito que já ultrapassaram o direito a que os muçulmanos tinham de se sentirem indignados e ofendidos na sua sensibilidade e liberdade religiosas. Estes não podem permanecer encobertos de um direito que não lhes permite, de maneira alguma, responder violenta e desproporcionalmente. Na verdade, "quando os homens se escudam com o nome de Deus ou dos seus profetas para darem largas à torpeza e maldade que lhes corre nas veias, estão a emporcalhar inapelavelmente a palavra que dizem respeitar."
Fica, a cada dia que passa, mais claro que esta é uma crise bem maior do que a retaliação à Dinamarca... E que a atitude despropositada e irresponsável daquele jornal dinamarquês teria apenas o efeito que inicialmente começou por ter no Egipto, isto é, nenhum, se os estados muçulmanos vissem com bons olhos os países ocidentais e a cooperação entre os mundos ocidental e muçulmano.
Uma questão se coloca: como fica a globalização? Será que é viável uma globalização com este mundo muçulmano?

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