domingo, 5 de março de 2006

"O que é nacional é bom!"

É simples... Apenas 3 dígitos e já identificamos um produto português!

3 comentários:

de la Serna disse...

Eu compro produtos nacionais a partir do momento que estes forem mais baratos que os estrangeiros. Não vou andar a sacrificar o meu mealheiro só porque os coitadinhos dos produtores portugueses preferem armar-se em patrões e passear de Ferrari's do que serem verdadeiros empresários e tornarem as suas empresas verdadeiramente competitivas. Se calhar as campanhas de sensibilização deveriam ser feitas junto dos produtores: "Sr. produtor você tem a mão-de-obra mais barata da Europa dos 15 e ela trabalha mais horas do que os outros, porque é que não põe os produtos a preços mais baratos no mercado?". Não era bem visto Sónia? Já viste que bom que era se eu chegasse ao supermercado e visse o kilo da laranja espanhola mais cara do que a portuguesa? Era sinal que alguém estava a saber aproveitar o que tem. Sou um zero a economia, mas um país que tem salários como os nossos, põe os trabalhadores a trabalhar mais do que os outros companheiros da UE consegue cometer a proeza de colocar no mercado produtos mais caros do que os outros países? É o mal de termos um país a 2 velocidades: uns de Ferrari's e casas de férias em tudo quanto é sítio, e outra grande parte a pensar no que comprará hoje para ver se o dinheiro lhe chega para amanhã. Quanto à classe média... é o que se vê.

HMAG disse...

De la serna, há realmente empresarios que têm uma "cultura de patrões", mas a questão da competitividade vai muito além do número de ferraris por patrão em Portugal. Portugal têm a mão-de-obra mais barata e trabalha muitas horas, mesmo assim não é competitivo ... Porquê? Porque o nosso nível de escolaridade está também na cauda e isso faz com que por um lado a nossa aposta esteja exclusivamente virada para a fase da produção, fase que gera baixas rentabilidades e faz com que o nosso padrão de produção seja assente em produtos de baixo valor acrescentado. Aqui a questão também pode ser vista por ... Sr.empresário, você tem uma mão-de-obra barata comparativamente com o resto dos países da UE, mas que não é capaz de produzir os mesmos produtos que eles, sendo apenas capaz de competir com produtos de países onde os custos com mão-de-obra são irrisórios ao pé dos nossos e muitas vezes à custa de trabalho infantil e desrespeito pelos direitos humanos(as chamadas novas "fábricas do mundo"). Quanto ao preço dos produtos o caro ou o barato poderá ser analisado de uma perspectiva diferente ... A maçã espanhola pode ser em média 0.05€(mero exemplo...) mais barata que a portuguesa, mas pode não ser fruto de uma agicultura biológica por exemplo e estar infestada de químicos o que pode aumentar a propensão a ter problemas de saúde. Compensarão os 0.05€ vezes X maçãs??

Os empresários portugueses têm culpa, muita aliás na situação da nossa indústria nomeadamente, mas a questão dos ferraris soa a "argumento sindicalista" e não traduz nenhum dos verdadeiros problemas!

de la Serna disse...

Hmag, claro que a competitividade vai além do número de ferraris por patrão (mas também). O argumento sindicalista reflecte o que realmente se passa. Quando se fala em Ferraris, fala-se também em mansões, a família toda a trabalhar na empresa e a exercer funções para as quais não tem competência (conheço um caso em que um patrão tem a mulher a trabalhar para si, a trazer-lhe o correio todos os dias de manhã e só por isso ganha mais de 300 contos por mês...). Ora se esse dinheiro desperdiçado fosse investido em tecnologia, em formação dos empregados, de certeza que a competitividade era maior. Isto para não falar das negociatas que existem que para beneficiar amigos de uns e de outros que faz com que milhares de contos sejam desperdiçados todos os anos. E para onde é que isso vai? Para Ferraris, mansões de luxo e trabalho precário para outros, entre outras coisas (cá está o argumento sindicalista!).

Quanto ao preço da fruta, foi só um exemplo, como podia falar de inúmeros outros produtos. Mesmo assim, em relação à fruta, Portugal não produz assim tanta quantidade de produtos biológicos, a última vez que li alguma coisa sobre o assunto, o artigo dizia que a cultura biológica em Portugal era insipiente, tirando um grupo de holandeses e alemães que o faziam um pouco por todo o território, com destaque para o nordeste transmontano. Por isso, mesmo assim, com químicos ou menos químicos, vamos lá saber qual o melhor produto se o português ou o espanhol. A este nível a decisão situa-se somente a um nível sentimental/patriótico.